Uso da previsão de curto prazo
- Rhama Analysis

- 16 de mai. de 2010
- 3 min de leitura
Observa-se que no Brasil existe monitoramento hidrológico e rede em tempo real, mas não existe previsão seja sazonal ou em curto prazo (tempo real) disponibilizada de forma ampla. A previsão meteorológica (chuva, temperatura e outras variáveis) é possível encontrar em vários meios de comunicação e na internet em diferentes sites (diferentes modelos de previsão de tempo), mas pouco existe sobre a previsão hidrológica.
Isto ocorre porque a previsão de vazão depende do conhecimento do comportamento da bacia e suas características, o que não permite simular sobre grandes áreas como os modelos meteorológicos. No entanto, com o aumento da quantidade de informações sobre as características das bacias existente na internet, poderíamos perguntar, porque em hidrologia não podemos disponibilizar a previsão de vazão? A resposta está relacionada ao seguinte: (a) limitada rede telemétrica de apoio a previsão, que depende da estimativa das chuvas de solo, já que a precisão da previsão temporal e espacial da chuva dos modelos de tempo é baixa; (b) falta de entidades nacionais ou regionais preparadas para este tipo de previsão; (c) conhecimento maior sobre a modelagem hidrológica de previsão em curto prazo; (d) falta de tradição do país na ação de prevenção a desastres naturais.
Os comentários a seguir buscam orientar usuários e mesmo potenciais pesquisas sobre o assunto dentro de uma visão de ampliar o uso de previsão dentro da realidade brasileira:
•Este tipo de previsão depende muito de uma rede de monitoramento. Existem poucas redes hidrológicas conectadas em tempo real no país de apoio, ou disponíveis para uso. Apenas algumas instituições possuem rede e nem sempre se utilizam de modelos para fazer previsão. •Para definição do modelo a ser utilizado deve-se conhecer bem a antecedência possível com o monitoramento disponível e a antecedência que permita estimar a vazão de forma deterministica. Em muitos casos, apenas com a previsão de vazão com base em posto a montante é possível obter bons resultados (antecedência máxima é o translado da onda). Um modelo simples pode ser utilizado neste caso com pequenos erros. Quando a antecedência desejada é maior pode-se utilizar o modelo à partir do monitoramento da chuva, que apresenta mais dificuldades, já que a existência de uma rede telemétrica de postos pluviométricos é mais difícil de encontrar. No entanto, pode-se utilizar a estimativa de satélite como a do TRMM (veja matéria da semana anterior). A alternativa que pode ainda aumentar a antecedência é o uso de um modelo de previsão de tempo para a bacia associado ao modelo hidrológico, como mostramos aqui vários exemplos. O erro aumenta quando se estima a chuva na bacia, fonte principal da incerteza e para estimativa da vazão. •O erro é uma questão que também pode ser analisada de acordo com o objetivo da previsão. Quando a previsão é de vazão afluente a reservatório para operação, o erro de uma vazão específica não é sério, pois a gestão da operação depende do volume de um período, portanto o importante é acertar o hidrograma. No entanto, quando se prevê a vazão ou cota de um intervalo de tempo para inundação (prever cotas de inundação em tempo real para comunidades), o erro pode ser importante, pois isto poderá representar pessoas ou propriedades que serão atingidas (ou não atingidas). Desta forma, deve-se neste caso trabalhar com uma banda de confiança (intervalo da previsão esperada), associada ao desvio padrão dos erros, o que permitirá uma certa gestão por parte da Defesa Civil.
Atualmente alguns dos tópicos de pesquisa que podem ser úteis na previsão de vazão de curto prazo são:
•Uso de chuvas de satélites na previsão em tempo real como alternativa a chuva observada, tanto quando houver falha como para melhorar sua resolução espacial, já que o erro espacial da chuva em bacias rápidas compromete muito as vazões previstas; •Uso de modelos estocástico para prever os resíduos dos modelos determinísticos na previsão da vazão e seu desvio padrão. •Uso de essemble (conjunto de saídas) de modelos (incerteza de modelos) de previsão de tempo na previsão em tempo real da chuva, associada a modelos hidrológicos. Atualmente é selecionada uma previsão de um modelo, mas existem incertezas tanto da inicialização dos modelos como dos modelos. •Aprimoramento da atualização em tempo real dos parâmetros e do estado do modelo determinístico para a previsão.

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