Pós-graduação em recursos hídricos
- Rhama Analysis
- 27 de jul. de 2010
- 3 min de leitura
Na semana passada discutimos a eventual decisão de um graduado buscar a formação em pós-graduação na área de recursos hídricos ou começar diretamente a trabalhar no mercado. Nesta semana vamos comentar algumas escolhas da pós-graduação.
A dedicação ao programa de pós-graduação pode ser parcial ou tempo integral. O tempo parcial limita muito a capacidade de aprendizado e requer muita força de vontade, mas não é impossível, não é o caso ideal. Para dedicação integral a questão é econômica e a maioria necessita da bolsa de estudos. Geralmente os programas possuem bolsas para sua distribuição, que é definida por um processo de seleção. Os melhores programas são os que dependem apenas de um (ou mais) exame de conhecimento. Os programas que dependem de entrevistas tendem a priorizar alunos egressos da própria Universidade (prática infeliz, pois as melhores universidades mundiais tendem a não aceitar os alunos egressos da sua graduação, para que o aluno busque diversificar conhecimento). Recomendo fortemente ao aluno buscar novos conhecimentos e nunca fazer graduação, mestrado e doutorado na mesma universidade ou mesmo programa. Pode ser cômodo, mas é pouco eficiente.
Quando for procurar um programa observe as seguintes características:
•A variedade das disciplinas disponíveis quanto à abrangência em recursos hídricos. Quando mais iinterdisciplinar for o ambiente do curso, mais oportunidades de conhecimento; •O número de professores efetivamente em tempo integral atuando em pesquisa na instituição, mesclado com professores que atuam também em estudos e projetos; •Uma instituição com muitos professores com doutorado na própria instituição não é um bom indicador, porque reflete um excesso de endogenia, ou seja, muitos falam a mesma linguagem, quando a diversidade é importante. As conhecidas universidades em nível mundial evitam professores formados na própria instituição. •A avaliação do curso pela CAPES é útil, mas deve ser usada com cuidado, pois alguns de seus critérios são pouco objetivos: priorizam tempo de formação de alunos o que não tem relação com a qualidade do ensino e pesquisa (isto elimina os alunos em tempo parcial); as instituições se perpetuam nos comitês avaliando indiretamente seus próprios programas; entre outros. •Procure falar com alunos egressos do programa ou que estão atuando no mercado qual a visão que possuem dos programas que você selecionou.
Na escolha do orientador as recomendações são:
•O melhor indicador para um orientador (infelizmente não está disponível) é a proporção de alunos que concluíram a titulação em relação aos alunos que recebeu (descontado os que desistiram), no entanto um indicador indireto é a quantidade publicações recentes em revistas indexadas no Brasil e no exterior ou de prestígio (principalmente em conjunto com alunos). Muitas publicações em congressos nem sempre é um bom indicador, pois geralmente existe pouca exigência na aceitação das mesmas. No site do www.Cnpq.br procure pelo nome no Curriculum Lattes e você pode verificar os detalhes dos professores orientadores. Consulte os alunos orientados pelo professor. •A diferença entre um graduado e um pesquisador é que para o primeiro é dado um problema para resolver e o segundo tem que definir o problema a ser resolvido, que é a parte criativa da pesquisa. Portanto, o bom orientador não é aquele que diz o que você deve fazer, mas que faz você pensar e escolher seus caminhos com suas próprias pernas. Nunca procure seu orientador para dizer “agora o que devo fazer”, pois você estará atrofiando sua capacidade criativa. Leve as alternativas e discuta as soluções, afinal a pesquisa é sua. O bom orientador é o que ajuda você tomar a decisão.
O tema de pesquisa é a fase crucial e você sempre terá dúvidas e o medo de encontrar uma pesquisa igual a sua já concluída, mas a dúvida faz parte do processo. Se você souber o resultado da sua pesquisa ela não necessita ser realizada. Evite misturar projeto específico com pesquisa. São comuns os seguintes erros:
•“Vou fazer uma pesquisa sobre a bacia do rio Central” Isto não é pesquisa, já que a simples análise de uma bacia não define objetivos e perguntas a serem respondidas sobre o tema. A bacia mencionada pode ser um estudo de caso de uma questão a ser demonstrada na pesquisa; •“Vou fazer uma pesquisa sobre o modelo hidrológico X” Um modelo nunca é um objetivo, mas um meio. Ë possível desenvolver uma pesquisa que desenvolva um modelo para um determinado uso e caso, mas o modelo em si nunca será o objetivo. •“Vou comparar os modelos A e B” Também não tem uma definição clara, já que a comparação entre os modelos tendem a resultados sem conclusão, apenas quando se tem um objetivo de uso bem, definido as características dos sistemas em estudo.
O tema de pesquisa geralmente vem de uma pergunta uma dúvida ou uma questão que está pouco resolvida. No futuro analisaremos as pesquisas potenciais em recursos hídricos.
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