Manifestação no recebimento do título de Professor Emeritus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- Rhama Analysis

- 16 de out. de 2023
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Meus agradecimentos aos meus colegas do IPH, em especial ao prof Andre Silveira e prof. Joel Goldenfum, por encaminharem no IPH e na UFRGS a solicitação de professor emeritus e a todos professores que aprovaram no conselho do IPH e da UFRGS. É uma honra receber este reconhecimento dos meus colegas.
Nunca imaginei que aquele estagiário, que chegou ao IPH em 1971, iria trilhar a área de hidrologia na engenharia e se tornar professor do IPH e da UFRGS, formar um grande número qualificados profissionais e pesquisadores, ter sua pesquisa citada em diferentes locais no mundo e estar aqui hoje recebendo este prêmio, o meu oitavo, mas significativo, pelo que representa o IPH e a UFRGS para a minha vida.
As maiores satisfações como professor nesta universidade foram a liberdade de formar pessoas, desenvolver pesquisa e aprimorar o conhecimento de hidrologia e recursos hídricos voltado para realidade do Brasil.
Nos somos profissionais priveligiados de viver num período de aceleradas transformações dos últimos cinquenta anos na ciência e sobreviventes de um país instável em termos econômicos. Hidrologia, Recursos Hídricos e Meio Ambiente tinham tratamento marginal na década de 60 e 70, Entre os anos 1964 e 1975 a Unesco criou Decada Internacional de Hidrologia para fortalecer esta área do conhecimento. Nos últimos cinquenta anos esta área esteve sempre associado ao desenvolvimento e sustentabilidade das sociedades em todo o mundo, como as Mudanças Climáticas e as inundações que assolaram o Estado neste último mês.
No início da minha carreira atuei dentro da modelagem matemática relacionada com os processos hidrológicos, hidráulicos e de qualidade da água, um conteúdo que era complexo para ser transferido e pouco utilizado devido a falta de entendimento e receio do deconhecido de usuários e profissionais da época. Aprendi que viabilizar novas técnicas no meio técnico externo a Universidade, era necessário muito treinamento sobre o desconhecido. Também aprendi, que para as soluções chegarem nos problemas de todo dia, deveriam estar inserido dentro de um âmbito de gestão que englobavam questões institucionais, ambientais, econômicas e sociais. Tive que me reinventar ao
longo do tempo para buscar viabilizar resultados da pesquisa no âmbito da tomada de decisão. Estes passo foram gratificantes quando obtemos resultados em diferentes áreas da sociedade onde hidrologia e recursos é necessário. Ajudei a criar a ABRHidro em 1977 e as revistas científicas da área que fui editor e ajudei a construir uma comunidade científica independente, qualificada e crítica.
Em 2001 fui convidado a estruturar o Fundo de Recursos Hídricos CTHidro, como um dos fundos do MCT que recebe recursos setoriais. O desafio era organizar as linhas de pesquisa de uma área multidisciplinar com recortes em quase todas as áreas da sociedade. Organizamos com a visão de desenvolvimento onde todas as disciplinas que contribuem para recursos hídricos podem contribuir para: Desenvolvimento Agropecuário, Urbano, Industrial, Energia, Transportes, Eventos Extremos e Meio Ambiente. Portanto, cabiam as disciplinas atuar contribuindo para desenvolvimento do conhecimento integrado para a sociedade nestas áreas de desenvolvimento.
Mais tarde em 2008, desenvolvi para o Banco Mundial uma estratégia de Gestão Integrada de Águas Urbanas integrando os diferentes atores das cidades para projetos em diferentes países e sua sustentabilidade. Neste ano fui a Jacarta para um projeto de US$ 150 milhões de limpeza dos rios para evitar as inundações. Avaliei na época estratégias para águas urbanas na cidade e no projeto específico, as inundações voltariam em cinco anos por falta de serviços de resíduos sólidos. Depois de 11 anos voltei a Jacarta em 2019 em outro projeto e fiquei sabendo que a recomendação anterior tinha sido executada pelo governo e como resultado reduziu o desemprego em Jacarta com efeito positivo nas inundações e no desemprego. Casos como estes trazem sempre uma lição, como todos os aspectos de gestão são integrados no bom e no mal sentido.
Estas experiências em projetos integrados em quase todos os continentes nos últimos anos foi gratificante e ampliou a visão moderna da integração no âmbito científico, tecnológico, social e ambiental. Um sistema fortemente não-linear, o grande desafio científico do século 21.
Hoje atuando em diferentes projetos no Brasil e no exterior com minha empresa. estamos formando um grupo de professionais que atuam em todos setores da sociedade, nos mais diferentes projetos com parceria com o IPH e a UFRGS.
Esta carreira somente é completa quando conseguimos construir quem nos substitui. Tenho certeza que hoje a equipe de professores que ajudei a formar e me substituiu, ampliou a capacidade de desenvolvimento do ensino e pesquisa, tornando-se atualmente um dos principais centros de pesquisa no mundo na área, com grande produção científica e de qualidade. Portanto, me sinto realizado como professor pesquisador e cidadão do nosso país.

Professor emérito é um título conferido por uma entidade de ensino a seus professores já aposentados, que atingiram alto grau de projeção no exercício de sua atividade acadêmica.
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