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Desastres naturais e a fragilidade humana

  • Foto do escritor: Rhama Analysis
    Rhama Analysis
  • 13 de mar. de 2011
  • 2 min de leitura

O evento do terremoto no Japão mostrou a todo o mundo como uma sociedade organizada, obediente, rica e preparada está vulnerável a um evento natural combinado de terremoto e tsunami. Este exemplo infeliz nos mostra que para certos eventos é possível reduzir prejuízos humanos e materiais, mas não evitá-los. Não temos como prever a ocorrência de terremotos, mas podemos, dependendo da distância do epicentro, prever com antecedência o acontecimento de um tsunami e assim reduzir vítimas.

O Japão investiu bilhões de dólares para reduzir estes impactos. Na região de Tóquio, existem diques para 200 anos de tempo de recorrência, mas devido ao potencial prejuízo de mais de 1 trilhão de dólares, o governo japonês retirou a população que vivia em casas junto aos diques e aterrou o terreno até a cota do dique e verticalizou com edifícios, distribuindo prédios e áreas verdes. Desta forma reduzindo o potencial impacto aos pisos inferiores mantendo grande parte das pessoas nos níveis superiores, livres do impacto direto das inundações. Estes investimentos de altos custos se mostram importantes quando observadas as imagens do efeito causado por um tsunami.

Este é um exemplo interessante que deve servir de lição não somente para o caso de um tsunami, mas também para desastres naturais relacionados à inundações. Nos Estados Unidos, na década de 30, havia uma política pública de proteger todos que viviam em áreas de risco de inundação. No entanto, a mesma se tornou ineficiente porque aumentou o número de pessoas que ocuparam áreas de risco, já que tinham proteção do governo. Na década de 70, esta política mudou para um programa de seguros. Atualmente é consenso que o menor custo relacionado com inundação é evitar a ocupação das áreas de inundação. No entanto, quando não existem alternativas, já que toda a cidade se encontra em área de risco, a política japonesa é interessante porque minimiza os impactos por meio da verticalização intercalada com espaços verdes, reduzindo os impactos diretos e mantendo apenas os impactos limitados à dificuldade de acesso a bens materiais que ficam em nível mais baixo.

A convivência com a inundação é uma das formas de gestão de risco para este problema de ocupação de áreas sujeitas a desastres naturais. No Brasil, infelizmente a ocupação de áreas de risco foi incentivada pela permissividade da invasão de áreas públicas, que recebia o respaldo da justiça pelas dificuldades de remoção e obrigatoriedade de ligação de água e luz que consolida as habitações. Hoje este processo está tendendo a ser revertido, mas o passivo existente é enorme.

O Brasil que não têm terremotos e tsunamis, furações e erupções vulcânicas, entre outros desastres naturais, têm frequentes inundações e possui pouca experiência ou organização para mitigar e atender a população que vive em áreas de risco. Será que é a falta de grandes desastres que nos deixa tão incapazes? O fato é que este verão tem mostrado que a imprevidência pode cobrar muito caro dos otimistas.

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