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Lições das inundações

  • Foto do escritor: Rhama Analysis
    Rhama Analysis
  • 10 de jan. de 2010
  • 3 min de leitura

Nas últimas duas semanas ocorreram várias mortes devido a inundação em diferentes locais do país, sem contar os prejuízos econômicos. Os casos de morte mais marcantes foram a queda da ponte em Agudos no Rio Grande do Sul e o escorregamento das encostas em Angra dos Reis, além das inundações na baixada fluminense. Os prejuízos econômicos ocorrem em São Paulo afogada por carros e indefesa a qualquer chuva acima de 30 mm em poucas horas.

O caso de Agudos mostra uma problema latente no país que é a falta de manutenção e inspeção de pontes por parte dos responsáveis pelas rodovias. Esta ponte tinha mais de 40 anos e se encontra num trecho retilíneo do rio. O colapso de uma ponte pode ocorrer devido a excesso de carga e problemas estruturais ou por efeito da erosão do leito e da fundação. Provavelmente foi o último o caso, onde o rio deve ter desenvolvido processos erosivos ao longo do tempo e a velocidade da água da cheia (pode ter ocorrido aumento por alterações na bacia) dos últimos dias produziu as condições finais de colapso. Isto pode ser prevenido por inspeções da evolução do leito e das fundações das pontes, o que envolve conhecimento estrutural e de erosão de rios.

O caso de Angra dos Reis envolveu o escorregamento de encostas atingindo as habitações construídas nestas áreas. Infelizmente este cenário tem ocorrido em diferentes cidades do país todos os anos. A causa principal é a ocupação de áreas de risco e a falta de zoneamento destas áreas por parte dos municípios, associado a imprudência e falta de informação da população que coloca em risco seus familiares.

A área de inundação da baixada fluminense sempre foi área de risco que foi ocupada e tem a tendência de ser inundada com grande freqüência. Esta imprudência é semelhante a anterior, com menor risco de morte, mas de prejuízos freqüentes. Aqui também o zoneamento é o caminho, mas observa-se que apesar de todas as cidades possuírem Plano Diretor, nenhum destes instrumentos inclui o zoneamento da área de risco. Este zoneamento é fundamental e a ocupação poderia ser controlada pelo próprio financiamento dos bancos para a população de renda maior.

No caso de São Paulo, o problema fundamental é a super-exploração do espaço pelo mercado imobiliário, com impermeablização do solo (procure olhar nas ruas da sua cidade onde existe espaço para a água infiltra, se existe!!) e canalização do escoamento transferindo de uns para outros o problema, sem nenhum controle da impermeabilização. Em São Paulo, possui uma regulamentação de amortecimento da água das novas construções que subestima os volumes de controle, apesar dos problemas existentes é o somatório de muitas décadas. Como se observa acima:

•é um problema recorrente na sociedade brasileira, após as chuvas é esquecido até a próxima temporada; •Num ano de El Nino, quando as chuvas são maiores os problemas também são, apesar de muitos usarem desculpas novas como as mudanças climáticas; •Faltam instituições sérias nos três níveis de governo (apesar da responsabilidade maior estar no município) que atuem preventivamente neste problema. •Existe um incentivo pernicioso da forma como estado brasileiro atua sobre o problema. Quando ocorre um evento, o Prefeito, junto com o governador declara calamidade, recebe dinheiro a fundo perdido e não necessita de licitação pública para gastar o dinheiro. Uma piada retrata bem este caso: Um Prefeito hipotético de uma cidade em inundação procura o governador para declarar calamidade, enquanto espera, recebe uma ligação do seu assessor dizendo “Prefeito acelere os entendimentos que o rio está perigosamente diminuindo o nível !!“.

Inundações sempre ocorreram, mas é necessário diminuir seus impactos e cabe aos governos trabalharem todo o ano e não somente durante o evento.

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