Consumo de água na produção do etanol de cana
- Rhama Analysis

- 19 de jun. de 2011
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A produção de cana para produção de álcool tem aumentado de forma significativa nos últimos anos, principalmente com advento do carro flex. O consumo do álcool atinge hoje da ordem de 1,6 milhões de m3 mensais, dependendo da época e do preço. As áreas principais são o Norte, Sudeste e agora no Centro-Oeste. A produção de álcool apresenta um consumo importante de água nos seguintes estágios principais:
•Crescimento da planta de sequeiro ou de irrigação. No crescimento da produção de sequeiro é importante a distribuição de chuvas durante as duas primeiras fases de crescimento da planta e o consumo pode variar de acordo com o clima regional de 60 a 180 mm/mês. Na região Centro – Oeste com período longo sem chuva pode-se utilizar de 4000 a 7000 m3/ha/ano de irrigação. Nas áreas de sequeiro a água é retirada do ciclo hidrológico de infiltração para o crescimento anual da planta atendendo a evaporação. A produtividade de cana é da ordem de 75 t/ha, desta forma para produção de 1 tonelada de cana seriam necessários na irrigação (5.000 m3/ha/ano) 67 litros de água por tonelada. No caso de sequeiro o consumo de água por evapotranspiração deveria ser calculado com o cenário alternativo de vegetação;
•Na produção industrial do álcool o consumo de água os principais processos: lavagem de cana, condensadores/multijatos na evaporação e vácuos, resfriamento de dornas e condensadores de álcool. O consumo varia muito e o valor médio estimado no setor é de 1,8 m3/tonelada de cana. É possível encontrar valores de 5 m3/tonelada de cana. Considerando que 1 tonelada de cana produz de 60 a 90 litros de álcool. Com um valor estimado de 80 litros resulta que para produzir um litro de álcool seriam necessários 22,5 L de água na parte industrial. Existe água na cana (1 tonelada possui 700 kg de água), mas representa uma parcela muito pequena se relacionado com estes volumes.
Portanto, o consumo de água anual para movimentar os carros a álcool seria de 432 milhões de m3 somente para a parte industrial. Isto equivale a uma vazão de 13,7 m3/s e a demanda de uma cidade de 4,5 milhões de pessoas. Este consumo pode gerar um potencial conflito onde a oferta para vários usos é escassa. Este cenário é mais crítico em regiões de cabeceira onde o conflito com o uso humano e o efeito sobre a produção das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e a qualidade da água. Os Planos de Bacia necessitam se antecipar nesta avaliação e nos conflitos, orientando a outorga dos empreendimentos. De outro lado, é importante que o setor aumente a sua eficiência industrial com a redução da água para o sistema industrial por meio de reuso da água. Isto ocorrerá pelo preço da água ou por restrições a outorga.

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